
Getting your Trinity Audio player ready... |
Última modificação em 1 de setembro de 2025 por Yasmin Cardoso
Você já se deparou com uma marca que parecia estar no auge e, de repente, mudou?
Das transformações pautadas em nostalgia, como a da Pepsi e do Burger King até a atualização estratégica da Amazon, nada é aleatório. No mundo do marketing e dos negócios, uma mudança de identidade é um dos movimentos mais ousados e arriscados que uma empresa pode fazer.
Neste artigo, vamos mergulhar no mundo do rebranding para entender a fundo o que o diferencia de um simples redesign. Vamos explorar os porquês por trás dessas grandes decisões, os casos de sucesso que se tornaram referência, os erros que custaram caro e, mais importante, as lições que podemos tirar para qualquer marca, grande ou pequena.
Redesign vs. Rebranding
Para começar, é fundamental distinguir dois termos que, apesar de parecidos, representam processos completamente diferentes. A confusão entre eles é comum, mas a clareza é a chave para qualquer estratégia de marca.
Redesign
Trata-se de uma atualização, uma “reforma” estética. O redesign foca apenas na identidade visual da marca, como o logo, a paleta de cores, a tipografia ou o estilo das imagens.
O objetivo aqui é modernizar o visual para que a marca não pareça datada, sem alterar seus valores, missão ou posicionamento no mercado.
Pense na evolução sutil do logo da Coca-Cola ao longo dos anos. A essência da marca se mantém, o que muda é a embalagem.
Rebranding
É uma transformação profunda, uma “reconstrução” completa da marca. Vai muito além do visual e atinge a essência da empresa: seus valores, sua missão, sua proposta de valor e seu posicionamento estratégico.
Um rebranding é um processo que reflete uma nova direção do negócio, uma mudança no público-alvo ou a necessidade de se desvincular de uma imagem anterior.
É um movimento de alto risco e alto impacto, pois altera a forma como a marca é percebida e sentida pelo consumidor.
Os motivos por trás da mudança
A decisão de um rebranding não é tomada do dia para a noite. Ela geralmente é o resultado de uma análise profunda do mercado, dos concorrentes e da própria empresa. Existem alguns gatilhos estratégicos que justificam o investimento de tempo, dinheiro e esforço.
Acompanhar a evolução do mercado
O mundo muda constantemente e as marcas precisam acompanhar essa velocidade. Uma identidade visual que era moderna há 20 anos pode parecer antiquada hoje.
O rebranding permite que a marca se adapte a novas tendências de design, comunicação e comportamento do consumidor.
Uma empresa de tecnologia, por exemplo, que começou com um logo complexo e detalhado pode simplificá-lo para se adequar ao ambiente digital, onde os ícones precisam ser claros e funcionais em telas pequenas. O rebranding, nesse caso, é uma questão de relevância.
Atração de um novo público
Uma marca pode decidir que seu público original não é mais suficiente para sustentar seu crescimento. O rebranding pode ser a ferramenta para conquistar uma nova demografia.
Um exemplo seria uma marca de cosméticos que, originalmente focada em um público jovem e vibrante, decide se posicionar como uma marca mais sofisticada e luxuosa para atrair um público mais maduro e exigente.
A nova identidade visual e a comunicação precisam ser redesenhadas para falar a língua dessa nova audiência.
Superar uma crise de imagem
Quando uma empresa enfrenta um escândalo, um rebranding pode ser uma forma de sinalizar um novo começo.
É uma maneira pública de dizer: “Nós mudamos. Somos uma nova empresa, com novos valores e um novo compromisso com você.” Nesses casos, a mudança visual é apenas a ponta do iceberg; ela precisa ser sustentada por uma transformação interna real, com novas políticas e uma cultura corporativa renovada.
Se a mudança for apenas estética, o público rapidamente perceberá a falta de autenticidade.
Fusões e aquisições
Quando duas empresas se unem, é essencial que suas marcas também se unifiquem. Um rebranding pode criar uma nova identidade que simboliza a sinergia entre as duas companhias, ou pode incorporar a identidade da empresa-mãe.
Isso evita confusão entre os clientes e colaboradores, e constrói uma identidade de marca coesa e forte para o futuro.
Expansão do negócio
Uma marca que começou vendendo apenas um tipo de produto pode expandir para novos mercados ou categorias.
A identidade original pode já não ser mais adequada para refletir essa amplitude. O rebranding permite que a marca se posicione de forma mais abrangente, comunicando de forma clara que agora ela oferece uma gama maior de produtos ou serviços.
Rebrandings na prática
O sucesso ou fracasso de um rebranding pode depender de inúmeros fatores. Analisar casos reais nos ajuda a entender melhor o que funciona e o que não funciona.
Amazon e o refinamento estratégico
A Amazon já tem uma marca icônica, globalmente reconhecida, e a empresa sabe o valor disso. Em vez de revolucionar sua identidade visual, ela optou por um rebranding estratégico que refinou o que já existia.
A mudança foi sutil e intencional. O icónico sorriso sob o logo ganhou uma cor mais quente, o “Smile Orange” se tornou um tom unificado para toda a marca. Mais importante, a Amazon criou uma fonte própria, a Amazon Logo Sans, para garantir consistência em todas as suas mais de 50 submarcas e em todos os seus produtos, do Kindle à Alexa.
O sucesso da Amazon reside no fato de que o rebranding não foi sobre uma reinvenção dramática, mas sobre organização e coerência. A empresa cresceu tão rápido que sua marca se tornou fragmentada e inconsistente. O rebranding foi a solução para unificar a identidade visual de um ecossistema gigante.
A lição aqui é que um rebranding bem-sucedido pode ser sobre consistência e clareza, preservando o que já funciona e elevando a marca a um novo patamar.
A controvérsia do X (antigo Twitter)
Em contraste com a Amazon, a mudança do Twitter para X é um exemplo de rebranding abrupto e que gerou grande polêmica. A decisão de substituir o logo do passarinho azul por um “X” preto e branco foi imposta de forma repentina e sem uma transição clara, gerando confusão entre os usuários.
O rebranding do Twitter falhou em sua missão mais fundamental: ser aceito e adotado pelo público. A marca perdeu um de seus maiores ativos: um nome e um ícone que já eram sinônimos de comunicação rápida e instantânea (“tweetar” virou verbo).
Hoje, a maioria das pessoas ainda se refere à plataforma como Twitter, o que prova que um rebranding pode falhar em se enraizar na mente do público. A lição é clara: ignorar o valor cultural de uma marca e a conexão emocional dos usuários pode levar a uma perda irreparável de identidade.
A repercussão dividida da Boca Rosa
O rebranding da marca Boca Rosa, de Bianca Andrade, foi uma jogada arriscada. A marca, que construiu sua identidade em torno do rosa vibrante e de uma estética alegre, adotou uma nova paleta de tons acinzentados com o objetivo de se posicionar de forma mais madura e sofisticada.
A mudança gerou divisão de opiniões e uma onda de críticas, com muitos fãs a chamando de “Boca Cinza” e expressando a sensação de que a marca havia perdido sua essência.
No entanto, o caso nos mostra que a percepção de sucesso pode ser subjetiva. A mudança gerou controvérsia, mas alcançou seu objetivo de reposicionar a marca no mercado de luxo e acompanhar a evolução de Bianca Andrade.
O mais importante aqui é que o rebranding foi sustentado por uma verdade: a qualidade do produto se manteve. As embalagens e a estética mudaram, mas a essência do produto continuou forte. O caso da Boca Rosa prova que, mesmo diante de críticas, quando o novo design está alinhado com a qualidade do produto e com os objetivos do negócio, a marca pode sair vitoriosa.
Cuidados para um rebranding de sucesso
Se você está pensando em um rebranding para a sua marca, é fundamental seguir alguns princípios para mitigar os riscos e maximizar o potencial de sucesso.
1. Conheça sua audiência
O primeiro passo é ouvir. Antes de qualquer mudança, realize pesquisas, colete feedback e entenda a fundo o que seus clientes mais valorizam na sua marca. A mudança deve ser para eles, e não apenas para você.
2. Não mude por mudar
Um rebranding deve ter um propósito claro e uma justificativa estratégica forte. Não se deve mudar apenas porque a concorrência mudou ou porque você está “cansado” do logo. A mudança deve ser um meio para um fim maior.
3. Comunique a mudança
A comunicação é tão importante quanto o design em si. Você precisa explicar ao seu público o porquê da mudança. Crie uma narrativa convincente que justifique o rebranding e ajude o público a entender e abraçar a nova fase da marca.
4. Alinhamento interno
Sua equipe é a primeira a viver a nova marca. Se os seus colaboradores não entenderem ou não acreditarem no novo posicionamento, será impossível transmiti-lo de forma autêntica aos clientes. O alinhamento interno é o ponto de partida para qualquer mudança externa.
5. Considere o peso da sua marca
O risco de um rebranding varia muito com o tamanho da marca. Uma startup tem mais liberdade para ser radical, mas uma empresa de 50 anos com um legado estabelecido precisa ser mais cautelosa. Mantenha o que torna sua marca única e não jogue fora anos de construção de identidade.
Conclusão
Um rebranding é um passo ousado e que exige um planejamento impecável. A lição mais valiosa de todos esses casos, seja o sucesso da Amazon, a controvérsia do X ou a ousadia da Boca Rosa, é que a diferença entre o sucesso e o fracasso está na compreensão profunda da sua marca e, principalmente, na empatia com o seu público.
A marca representa um conjunto de emoções, experiências e memórias que o consumidor carrega. E, ao decidir mudá-la, você está mexendo com algo que vai muito além de um design: a alma do seu negócio.
Antes de pensar em um rebranding, já parou para entender o seu público e o tom de voz da sua marca? A forma como você se apresenta ao mercado é crucial para o sucesso. Vamos conversar sobre como o marketing pode ajudar a alinhar a sua marca com o seu público. Fale com a gente para um diagnóstico completo.